“Os filhos são herança do Senhor, uma recompensa que ele dá. Como flechas nas mãos do guerreiro são os filhos nascidos na juventude. Como é feliz o homem que tem a sua aljava cheia deles! Não será humilhado quando enfrentar seus inimigos no tribunal”. (Salmos 127:3-5)

“Todos os seus filhos serão ensinados pelo Senhor, e grande será a paz de suas crianças”. (Isaías 54:13)

A Bíblia, em diversas passagens, aborda o tema “filhos”. Citamos apenas dois, mas se procurarmos mais detalhadamente será possível encontrar muitos outros versículos falando sobre filhos, herança bendita do Senhor.  Ter filhos é um privilégio, uma alegria, uma bênção de Deus, mas também uma grande responsabilidade. Deus confiou a vida dos filhos aos pais, que são os primeiros educadores. No caso do missionário, que vai para o campo e leva sua família, pais e filhos são alvos do amor de Deus. Quando Deus chama um casal para o campo missionário Ele tem em mente toda a família e isso, com certeza, inclui os filhos. E uma das maiores preocupações do casal missionário é com relação aos filhos e a vida deles junto aos pais no campo missionário.

Filipe Eduardo da Cruz Medeiros, com os filhos Filipe e Tiago.

Carlos Eduardo e Raquel, com os filhos Tiago e Filipe.

E vamos trazer um pouco da história de alguém que viveu esta experiência. Trata-se de Filipe Eduardo da Cruz Medeiros, missionário e jornalista, 24 anos, filho dos missionários Carlos Eduardo e Mara Raquel Medeiros (foto). No ano 2000, o casal recebeu a confirmação de Deus do chamado missionário e seguiu para o treinamento na Missão Horizontes, em Monte Verde (MG). De lá, seguiram com os filhos Filipe e Tiago para o campo transcultural.

Nesta entrevista, Filipe fala dos momentos da infância, das instabilidades vividas no campo missionário e, também, da certeza do chamado de seus pais, da vocação para pregar o Evangelho.

A família, casal e dois filhos, passou por campos missionários na América Latina e, também, por países do continente africano. Atualmente, Carlos Eduardo e Raquel estão no Centro de Treinamento e Apoio Missionário (CTAM), como fundadores e atuando também como diretores da base missionária. O CTAM fica em Nova Granada, São Paulo.

Vale a pena conhecer esta história!

RM: Quando você percebeu que era filho de pessoas diferentes dentro daquele contexto mais conhecido, aquele onde temos uma família que trabalha, mora num único local, leva os filhos para a escola, qual foi o seu sentimento?

Filipe: Todo missionário que deixa sua cidade ou país toma uma decisão de deixar tudo para trás para servir a Cristo. Desde muito pequeno eu percebi que não éramos uma família igual às outras. Eu tinha uma mistura de sentimentos. Não tinha noção exata do que significava fazer missões mas sentia orgulho dos meus pais,  pois eu sabia que eles estavam falando de Deus para outras pessoas. Ao mesmo tempo, já um pouco mais velho, surgiu um medo da instabilidade que é viver no campo, com todas as preocupações que cercam o trabalho missionário.

RM: Mesmo com todas as dificuldades que sabemos existem no campo missionário cite alguns episódios marcantes e que deram a você, mesmo jovem, a certeza do chamado dos seus pais?

Filipe: Uma lembrança bem antiga em relação a missões é quando eu era bem pequeno, meus pais, eu e meu irmão Tiago (quatro anos mais velho do que eu), estivemos em uma cidadezinha pequena, no Brasil, não me recordo onde, para uma mobilização missionária. Eu era apenas uma criança e não tinha completo entendimento do que era aquela ação, mas ficou marcado em minha mente toda a movimentação para aquele trabalho, inclusive, as roupas típicas que colocamos para a realização daquela ação missionária. É uma coisa pontual, mas tenho isso claro em minha mente até hoje. Outro episódio marcante foi quando estávamos morando no Paraguai e eu gostava muito de orar ao redor da casa que morávamos e certo dia eu orei pedindo uma bicicleta para Deus. Logo depois chegou um casal de missionários Marcelo e Vânia e, surpreendentemente, me deram uma bicicleta novinha. Isso foi ótimo, pois vivenciei os milagres de Deus na minha vida. São muitas as experiências que marcaram a minha vida e da minha família no campo missionário e que estão vivas em minha mente e no meu coração. Deus nos abençoou de forma grandiosa.

RM: Conte um pouco da convivência com as pessoas em uma cultura diferente. Como criar e manter vínculos se, em algumas situações, o missionário precisa ir para outro local em função do trabalho? Isso aconteceu com vocês?

Filipe: Sim, eu e meu irmão viajamos muito com os meus pais. Havia muitas idas e vindas. Claro que isso dificulta fazer e manter relacionamentos. Isso é desgastante. Quando se é criança, fica mais fácil. A medida que a gente cresce e chega a adolescência, sentimos falta de criar raízes. Por isso, na minha adolescência, meus pais optaram por deixar eu e meu irmão Tiago sob os cuidados dos meus avós antes de seguir para o continente africano. Ao tomar essa decisão eles sabiam do preço que isso implica, mas também estavam certos da decisão que tomaram, de estar no centro da vontade de Deus. Meus avós foram maravilhosos. No entanto, senti muita falta da presença dos meus pais. Então, este é um aspecto da vida missionária que não é fácil. Mas, graças a Deus, durante o tempo que estive no Paraguai com minha família consegui criar amizades e que duram até hoje.

RM: Na sua opinião, pela sua experiência, qual é o maior desafio para um missionário com filhos?

Filipe: A vida de filho de missionário é um constante aprendizado. Vivemos alegrias, tristezas, momentos difíceis e Deus trabalha em nossas vidas em todos estes momentos. Acho que a maior dificuldade é a incerteza. Estamos num lugar e Deus nos tira e manda para outro local. Eu me lembro que a gente ficava numa escola apenas um ano e, então, era preciso se mudar. Não é só o desafio geográfico, mas aprender uma nova língua, fazer novos amigos. Então, esta questão das amizades talvez seja um ponto mais complicado de lidar. Se eu fosse para o campo e tivesse filhos pequenos, talvez eu esperasse eles estarem mais maduros. Não sei, cada caso é um caso e o mais importante é buscar a vontade de Deus. Tenho plena convicção de que meus pais estavam no centro da vontade de Deus e decidiram que era melhor para eu e meu irmão ficarmos no Brasil, com os avós. Abriram mão de estar com os filhos e obedeceram ao Senhor, continuando a obra de Deus.

RM: O que você diria que foi mais positivo na sua experiência como filho de missionário?

Filipe: Estar em outra cultura é muito desafiador. Mas, com certeza, foi fantástica a oportunidade de conhecer novas pessoas, novos lugares, aprender um novo idioma. E ressalto que as experiências vividas foram tão impactantes que vão me acompanhar para o resto da minha vida. É muito bom retornar àqueles lugares e ver pessoas que são fruto daquele trabalho missionário que a sua família participou. Hoje, quando vou ao Paraguai revejo pessoas preciosas que conheci e isso é muito gratificante.

RM: Você trabalha com missões? Se sente um vocacionado para o campo?

Filipe: Atualmente trabalho voluntariamente com a equipe de comunicação da Associação de Missões Transculturais Brasileiras (AMTB) e, também, como obreiro voluntário da base missionária do Centro de Treinamento e Apoio Missionário (CTAM). Me sinto sim um vocacionado e tenho absoluta certeza que poderei utilizar meus dons e talentos no campo missionário.

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