Dizem que o Brasil tem dia pra tudo. Dia do consumidor, do jornalista, do médico legista, da mulher, da avó, dos namorados. Se você pesquisar na internet vai verificar que a lista só termina porque acabam os dias do ano.

Mas o Radar Missionário quer destacar um dia em especial: 26 de setembro. Dia Nacional dos Surdos. Como cristãos, essa data pode ser utilizada para lembra-nos da nossa responsabilidade, afinal os surdos são um dos segmentos menos evangelizados do nosso imenso país.

Por trás do silêncio da maioria das igrejas em relação a esse segmento, estão cerca de 10 milhões de brasileiros que sofrem de deficiência auditiva. Segundo estatísticas missionárias, apenas um por cento dos mais de 340 mil de surdos brasileiros conhecem a Jesus. Eles sequer têm a Bíblia traduzida para a própria língua. Sim! Eles têm uma língua própria. A Língua Brasileira de Sinais (Libras) foi instituida como língua oficial no Brasil em 2008 mas, desde então, os surdos ainda enfrentam problemas de acessibilidade básica no próprio país onde nasceram, como a falta de intérpretes até mesmo em órgãos públicos, que deveriam ser os primeiros a cumprir a lei.

AVANÇO

Um dos projetos de tradução bíblica em andamento no Brasil é o DOT. A sigla em inglês significa Deaf Owned Translation. Em uma tradução livre para o português, o projeto foi batizado de “Tradução Própria dos Surdos”. E a ideia é justamente essa: incentivar o protagonismo surdo e capacitar a comunidade surda cristã a ser o agente de tradução da Bíblia para a sua própria língua. O projeto que começou em julho de 2017 já conseguiu fazer o primeiro rascunho de tradução de mais de 27% do Novo Testamento em apenas três oficinas. “Esse é um avanço significativo. Nenhum outro projeto de tradução utiliza uma metodologia tão comunitária, interativa e rápida como o DOT. Nosso objetivo é alcançar o Brasil com a Bíblia em Libras”, afirmou o tradutor surdo Edson Júnior, membro da igreja Comunidade das Nações de Fortaleza.

A metodologia DOT segue onze passos de tradução e conta com o apoio de especialistas em letras-libras, teólogos, gramáticos, tradutores, equipe técnica de vídeo e a consulta constante às línguas originais: grego e hebraico. Essa primeira gravação em Libras é considerada um rascunho de tradução. O material ainda será submetido a duas etapas de verificação linguística e teológica. “O ouvinte tem acesso à língua portuguesa. Mas o português não é a primeira língua dos surdos. Por isso tradução bíblica para Libras é muito urgente e eu creio que Deus está capacitando nós, os surdos, com o apoio dos intérpretes ouvintes para traduzir a Palavra Dele”, afirmou Amanda Duarte Prado, tradutora surda que participa do projeto DOT deste a primiera oficina no Brasil.

Veja como foi a primeira oficina DOT na América Latina, no Paraguai, com representantes de sete países de língua hispânica e também português.

Por Hosana Seiffert
Jornalista, mestre em Missiologia, missionária da missão Amide, professora universitária.

Foto: Elvert Barnes

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