Estudiosos do movimento missionário mundial, como Philip Jenkins, têm chamado a atenção para o crescimento do cristianismo na região sul do globo. Estudos como “O Futuro das Religiões do Mundo”, do Centro de Pesquisas Pew, dos Estados Unidos, indicam que há no mundo de hoje uma igreja emergente em países como Brasil, Colômbia, Argentina, África do Sul, Quênia e Coreia do Sul, dentre outros. Este cenário, que contrasta com décadas e séculos de predominância da fé cristã em países europeus e norte-americanos, tem influenciado o status atual do evangelho no mundo. Uma das consequências deste novo panorama é o estabelecimento de uma base de envio de missionários em países que em décadas passadas eram classificados como campo missionário. Pela graça de Deus, o evangelho está crescendo em contextos improváveis. Ele vem produzindo bons frutos em diferentes partes do mundo por meio do trabalho fiel dos “pés que anunciam boas novas!” (Romanos 10.15).

Os dados que dispomos, referentes ao status atual do Evangelho no mundo, sugerem que o cristianismo está vivendo um momento histórico especial. Conforme o pesquisador Jim Haney destaca: “Cada vez mais, estou descobrindo que há uma grande nuvem de testemunhas, cheia de alegria e ousadia, em lugares que antes eram considerados resistentes ao evangelho.” Sendo assim, cristãos de todo o mundo, até mesmo de contextos resistentes ao evangelho, estão, passo a passo, trabalhando juntos na evangelização mundial em obediência ao Senhor Jesus: “Portanto, vão e façam discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo.” (Mateus 28.19).

Como cristão brasileiro, desde a década de 90, quando fui alcançado pela graça salvadora do Senhor Jesus, tenho observado a extraordinária transformação do meu país. O Brasil deixou de ser essencialmente um campo missionário para se tornar uma base de envio de missões. O ministério que desenvolvo é um resultado direto de tal mudança de cenário. Lá se vão quase duas décadas de trabalho missionário transcultural, com cerca de 15 anos investidos no continente africano.

Um dos fatores que me inspira como missionário brasileiro é o entendimento de que missionários estrangeiros vieram para o Brasil, fizeram todo tipo de esforço para viabilizar os seus ministérios e, assim, tornaram o evangelho disponível para mim e para tantos outros brasileiros. Portanto, carrego no peito uma fé que é resultado de missões e nos ombros o compromisso de reproduzir, entre os não alcançados, o exemplo dos missionários que trouxeram o evangelho para o meu povo.

Acredito que os cristãos do sul do globo precisam entender que enquanto continuam a evangelizar os da sua etnia, eles precisam assumirem como uma das suas prioridades o esforço de levarem o evangelho aos povos que permanecerem sem jamais terem tido acesso à mensagem. Porque, “como, pois, invocarão aquele em quem não creram? E como crerão naquele de quem não ouviram falar? E como ouvirão, se não houver quem pregue?” (Romanos 10.14).

Um desafio crítico neste contexto é que parte dos países que se tornou a força missionária emergente no sul do globo não possui uma economia robusta ou estável. Consequentemente, envia para o campo missionários sem o apoio financeiro adequado para o desenvolvimento de seus projetos. Um exemplo que inspira, em meio a este cenário, vem dos cristãos morávios no século 14, na Boêmia, hoje República Checa. Mesmo com recursos financeiros limitados e, até mesmo, inexistentes enviaram um grande número de missionários, baseados em um forte compromisso com a oração, como ressalta o missiólogo R. Alton James: “O compromisso deles com a oração foi sem precedentes. […] Um maior compromisso com a oração por missões resultará em um maior compromisso com o envolvimento em missões.”

Que o Senhor continue levantando um exército de cristãos oriundos de contextos ainda não evangelizados do planeta e que, a partir de uma vida de oração, tornem-se testemunhas fiéis até aos confins da terra.

Referência:

[1] Barnett, Mike, Robin Martin, Zane G Pratt, Zane G Pratt, Robert L Plummer, John Mark Terry, and R. Bruce Carlton, Discovering the Mission of God, (Downers Grove, IL: IVP Academic, 2012), 321.

Por Jairo de Oliveira

Jairo de Oliveira é missionário da PMI (Povos Muçulmanos Internacional) e da World Witness. Serve no Oriente Médio e é autor de vários livros, dentre eles: “Vida, ministério e desafios no campo missionário”. Para adquiri a obra completa ou saber mais sobre o livro Clique aqui 

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