Tudo e nada

De forma geral, nada muda na vida de um vocacionado porque a carreria missionária não surge de uma hora para outra. Ela é construida no envolvimento diário com a igreja local, no ensino, no serviço, na  pregação do evangelho, no discipulado, na busca por santidade, na forma como a comunidade começa a ver aquele vocacionado e na direção que o Espírito Santo dá à liderança da igreja sobre aquela pessoa. De fato, quem não serve na igreja, não serve no campo.

Quanto fui chamada ao ministério diaconal respondi: “pastor, nada muda”. Ele sorriu e retrucou: “por isso estou convidando você”.  Nada deve mudar também em relação à dependência de Deus. Um missionário depende mais do Senhor do que um cristão que serve em sua vida cotidiana? Claro que não. Os desafios da vida cristã são apenas diferentes no campo transcultural ou na vida missional diária. No livro A missão do povo de Deus: uma teologia bíblica da missão da igreja, Christopher Wright adotou o termo “missionários da esfera pública” para explicar a ideia de que todos são vocacionados. Ele nos lembra que “a maioria dos cristãos vive no cotidiano do mundo comum, trabalhando, ganhando a vida, cuidando das famílias, pagando impostos, contribuindo para a sociedade e para a cultura, progredindo, fazendo a sua parte.” E é desse contexto de vida diária em santidade que alguns vocacionados são alçados para uma tarefa transcultural.

Assim como vários paradigmas bíblicos, a vida missionária também é repleta de contradições. Na segunda carta aos Coríntios 12:10, Paulo escreve a clássica frase: “quando sou fraco aí é que sou forte”. No chamado missionário também é mais ou menos assim. Nada muda, mas tudo muda.

Vale a pena dar uma lida no livro Missões transculturais, uma perspectiva cultural, de Ralph Winter. Para ele, o chamado missionário também pode ser encarado como uma segunda decisão. A primeira é a conversão, por meio do arrependimento, pela fé, aceitando o sacrifício vicário de Jesus Cristo. A segunda é a opção de estar inserido em um contexto diferente da sua cultura, longe do seu povo, e da sua igreja, mas nunca independente dela. Nesse sentido sim, tudo muda  para aqueles que abraçam a carreira missionária.

Mas nesse cenário de tudo e nada uma coisa é certa. Aquele que deu a tarefa vai providenciar os meios para que cada um cumpra o seu chamado e vai levar a bom termo o que se refere a nós.

Fonte: Amide

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