“Não é incomum achar missionários brasileiros em lugares muito distantes, inclusive entre povos não alcançados.”

(Esta entrevista apareceu originalmente em inglês, no site da Christianity Today, em “THE EXCHANGE with Ed Stetzer”, no dia 24 de agosto de 2018)

Semana passada lançamos uma coluna nova chamada The Lausanne Link. Há menos de um ano atrás assumi o cargo de Diretor Regional da Lausanne Internacional para a América do Norte. Nós vamos compartilhar o que está acontecendo na Lausanne América do Norte, é claro (Confira nosso website para manter-se atualizado nisso também), mas quanto mais conheço pessoas conectadas com a Lausanne América do Norte, mais aprecio a grande história e a paixão pelo Evangelho que essa rede possui. Então estamos lançando uma coluna nova, na qual você vai conhecer algumas das pessoas mais influentes da Lausanne e ouvir o que Deus está fazendo globalmente.

Hoje, estou feliz de receber João Mordomo, Cofundador e Vice-Presidente da Crossover (CCI) Global. Ele também serve como Associado Sênior para o Negócios como Missões (Business as Mission) para o Movimento de Lausanne e Co-Presidente da BAM Global, e integrante da BAM Brasil.

Ed: Por quanto tempo você está envolvido com a Lausanne Internacional e qual é seu papel atual?

João: Em 2003, Mats Tunehag me convidou para participar do mais novo grupo do Negócios como missões (Business as Mission) o que me levou para o Fórum de Lausanne de 2004 na Tailândia. Um dos maiores resultados daquele processo e do Fórum foi o Papel Ocasional da Lausanne sobre negócios como missões.

A rede da publicação começou a ganhar uma tração significativa após o Fórum e Mats serviu como o Associado Sênior (agora chamado catalisador) para o BAM por muitos anos. Em 2011, Mats me convidou para participar da liderança e da equipe de planejamento para um Congresso do BAM em 2013, também na Tailândia. O estrago já havia sido feito (isto é, BAM me tinha querendo que eu estivesse lá ou não!) e eu fui convidado pela Lausanne para me juntar ao Mats como Co catalisador, um papel que eu assumi oficialmente em 2016. Jo Plummer havia sido um instrumento para o crescimento do movimento BAM desde o começo da década de 2000 e se juntou como Co catalisadora em 2016. Eu e ela ainda continuamos nesses papeis hoje.

Ed: Conte-me sobre o seu papel atual e o que você faz.

João: Como um Asociado Sênior para a BAM, eu tenho a alegria e o privilégio de prover serviço e liderança para um movimento global e em crescimento do BAM que reúne, encoraja e treina profissionais do BAM através de eventos temáticos regionais e globais.

Além disso, nós buscamos descobrir as melhores práticas do BAM através de pesquisa e relatórios, assim como desenvolver e compartilhar novos recursos. Nós hoje temos quase 30 relatórios sobre temas relacionados ao BAM (por exemplo, “Incubação BAM,” “BAM dentro e da China,” “BAM e Agências de Missões,” etc.) e a geração de riqueza para transformação holística (por exemplo, “Geração de Riqueza e o pobre,” “Geração de Riqueza e a mordomia da Criação”, “Geração de Riqueza: Visões Políticas e Perspectivas”, etc.). Todos os relatórios podem ser acessados gratuitamente em www.bamglobal.org. (Alguns destes recursos estão disponíveis em português também, aqui.)

Ed: Conte-me sobre o Evangelho e a Igreja na sua parte do mundo.

João: Assim como a maioria dos catalisadores, eu moro um lugar, mas às vezes acabo não estando lá! Eu moro no sul do Brasil em uma região linda e tropical, com minha esposa maravilhosa e dois filhos, então só saio quando eu preciso. Isso significa que eu posso ficar tempo o suficiente para observar o que está acontecendo no que diz respeito à Igreja e ao Evangelho no Brasil e, honestamente, é um pouco bagunçado.

Em 1970, menos de 5% dos brasileiros eram evangélicos. Hoje, de acordo com o IBGE, já são 25%. Evidentemente, a definição de “evangélico” deles inclui grupo marginais, mas a figura ainda representa um crescimento fenomenal da igreja nas últimas décadas. Esse crescimento rápido de denominações tradicionais e, mais ainda, de grupos Pentecostais e neopentecostais veio com um preço. A Igreja cresceu em número, mas não em profundidade.

Uma fundação teológica fraca tem deixado muitos evangélicos suscetíveis a teologia da prosperidade. Na verdade, muitas igrejas tradicionais flertam com a teologia da prosperidade também. Eu suponho que isso não é surpreendente considerando os desafios relacionados à pobreza, desigualdade, e as incertezas econômicas e políticas que o Brasil encara perpetuamente.

Há boas notícias. Um dos elementos positivos desse crescimento rápido tem um crescimento rápido correspondente nos treinamentos e envio de missionários para grupos tanto dentro do Brasil como no mundo. O número de grupos tribais inalcançados, por exemplo, tem diminuído nos últimos anos (de 340 para “só” mais ou menos 120), em grande parte por causa do crescente engajamento da Igreja brasileira.

“Ciganos” são outro exemplo dentro do Brasil tinham apenas 1% de evangélicos, mas através de ministérios evangelísticos e de plantação de igrejas, tradução da Bíblia, o filme Jesus e mais, os Ciganos estão vindo para Cristo.

Os Evangélicos brasileiros também estão indo “para as nações” em números que, enquanto não grande em comparação com o tamanho da Igreja evangélica no Brasil, são, não obstante, não insignificantes. Não é incomum de achar missionários brasileiros em lugares distantes, inclusive entre povos não alcançados.

Também é cada vez mais comum de achá-los trabalhando como fazedores de tendas, assim como desenvolvendo e utilizando negócios do BAM para trazer transformação espiritual, social, econômica e ambiental para onde eles trabalham e ministram.

Hoje, o crescimento da igreja evangélica brasileira está desacelerando e um grande número dentro da igreja tem se tornado mais pensativo no que se refere à teologia bíblica e engajamento cultural. Existe um pequeno, mas crescente esforço de algumas igrejas e organizações para o engajamento do evangelho nas diversas esferas da sociedade.

Um bom exemplo disso está ligado à campanha de 4 anos da Lava-Jato. A Lava Jato é uma investigação criminal extensiva que ainda está acontecendo (encabeçado pela Polícia Federal) que investiga corrupção nos setores privado e público do Brasil. Algumas das figuras importantes são cristãos comprometidos (evangélicos e alguns católicos) e são muito sinceros sobre sua fé. Enquanto muito da Lava jato, pelo menos até esse ponto, lida com sintomas, muitos movimentos foram criados por evangélicos que se relacionam diretamente com a necessidade de trazer uma transformação profunda na cultura brasileira, e pelo menos uma delas tem recebido atenção nacional (e positiva!).

Ed: Que conselho você daria para líderes cristãos em como liderar bem dentro das complexidades do mundo de hoje?

João: Para esses líderes evangélicos brasileiros, assim como para outros ao redor do globo, meu conselho para liderar bem dentro das complexidades do mundo de hoje é bem simples: não se distraia pelas técnicas de liderança e sucesso, e não se desencoraje pela pecaminosidade da humanidade.

Se você é motivado pelo orgulho (se próprio desejo de ser bem-sucedido), ou se você é motivado para “salvar o mundo”, você está sujeito a experimentar frustração e falhas. As pessoas são pecadoras, e isso inclui você. Você vai acabar querendo jogar a toalha, e talvez até faça isso.

O melhor conselho que posso dar é exortar você a ser doxologicamente motivado. Em toda a Bíblia e a história da redenção, podemos ver repetidas vezes que a única coisa digna e capaz de sustentar a nós líderes é a majestosa visão de um Criador, Salvador, Redentor e Restaurador glorioso… a visão da sublime e suprema mensagem da salvação… a visão de Jesus Cristo sendo conhecido e adorado em todas as áreas de nossas vidas, em todos os segmentos da sociedade e entre todos os povos do mundo.

 

Sobre o Autor, JOÃO MORDOMO, PhD – Desde seu encontro com Cristo, aos 16 anos, João tem a paixão de glorificá-Lo! Ele é um “Empresário da Grande Comissão”, apaixonado por começar e liderar qualquer coisa – agências missionárias, igrejas, negócios – que ajude a cumprir a Grande Comissão. Ele ama falar, ensinar, pregar e escrever sobre a glória de Deus em todas as áreas de vida, e entre todos os povos do mundo. Mais informações e contato, clique aqui.
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