E OS REFUGIADOS? QUAL A RESPONSABILIDADE DA IGREJA?

“Quando um estrangeiro viver na terra de vocês, não o maltratem. O estrangeiro residente que viver com vocês será tratado como o natural da terra. Amem-no como a si mesmos, pois vocês foram estrangeiros no Egito. Eu sou o Senhor, o Deus de vocês”. (Levítico 19:33,34)

A passagem bíblica não deixa dúvidas sobre a responsabilidade dos cristãos com o “estrangeiro”. E quem são estes “estrangeiros” hoje, século XXI? Poderíamos dizer que são os refugiados? Pessoas que, por causa da guerra ou da fome, tiveram que sair de suas casas para buscar refúgio em outro lugar, em outro país? No cenário mundial, segundo dados da Agência da ONU para Refugiados (ACNUR), até o final de 2016 cerca de 65,6 milhões de pessoas foram forçadas a deixar seus países de origem por diferentes tipos de conflitos. Desses, cerca de 22,5 milhões são refugiados.

E o drama dos refugiados também é realidade no Brasil. Dados divulgados no início deste mês de abril pelo Comitê Nacional para os Refugiados (CONARE), do Ministério da Justiça, revelam que o Brasil tem 86 mil solicitações de refúgio em análise atualmente. Ainda de acordo com o levantamento, em 2017, um total de 33,8 mil pessoas solicitaram refúgio no Brasil. Os venezuelanos responderam por mais da metade, com 17,8 mil solicitações, seguidos por cubanos (2,3 mil), haitianos (2.3 mil) e angolanos (2 mil). Os estados com mais pedidos são Roraima (15,9 mil), São Paulo (9,5 mil) e Amazonas (2,8 mil). Do total de 10,2 mil refugiados reconhecidos no Brasil, 5,1 mil permanecem no território nacional, sendo que 52% em São Paulo, 17% no Rio de Janeiro e 8% no Paraná. Dos que escolheram permanecer no Brasil, a maioria é de sírios, representando 35% da população refugiada.

Iniciativas cristãs – A questão dos refugiados é considerada crise humanitária. O tema é complexo e envolve aspectos sociais, econômicos, políticos e, também, espirituais. Mas, seria responsabilidade da igreja atuar em favor dos refugiados? Algumas igrejas e organizações cristãs acreditam que sim e estão solidárias nesta causa. Há várias frentes de trabalho para socorrer os refugiados.

“A igreja é o povo de Deus, o corpo de Cristo, sua face concreta aqui na terra. Pessoas são amadas e socorridas por Deus através de nós, seus filhos. A igreja deve ser a primeira em se colocar em defesa do estrangeiro, pois vários ensinos bíblicos exortam o povo de Deus a buscar tratar com justiça o estrangeiro, assegurando seus direitos”. A afirmação é de José Roberto Prado, facilitador da rede de igrejas e ministérios que servem migrantes e refugiados (REMIR) e diretor da Refugee Highway Partnership (RHP) para o Brasil e América Latina (www.refugeehighway.net) uma coalizão de ministérios no mundo todo que trabalham com refugiados.

De acordo com José Prado, que também é pastor graduado em Teologia pela Faculdade Teológica Batista de Perdizes (SP) e em missiologia pela Universidad Evangélica de Las Américas, em San José, Costa Rica,
“quando conhecemos o refugiado, o estrangeiro, quando compartilhamos uma refeição, brincamos com suas crianças, ou quando lhe acompanhamos no hospital, vemos que são humanos como nós. Trazem receios, sonhos, histórias como nós. Quando o véu do estereótipo e do rótulo é tirado, e nos vemos na face do outro, aí tem início nosso ministério. A igreja foi chamada a amar”.

Venezuela – Uma das situações mais críticas hoje vividas pelo Brasil no tema refugiados é com relação ao aumento de venezuelanos que buscam refúgio no Brasil. Segundo a Polícia Federal, cerca de 800 venezuelanos entram no Brasil diariamente pela fronteira com o estado de Roraima. Como resposta da igreja brasileira à crise humanitária do país que faz fronteira com o Brasil foi criada no início de 2018 a Coalizão SOS Venezuela. A coalizão, que tem a participação e apoio de diversas organizações cristãs, afirma que “acolher o estrangeiro é muito mais do que uma resposta humanitária. É um preceito bíblico. Uma marca dos discípulos de Jesus”.

E como preparar a igreja para alcançar os refugiados? Na avaliação do pastor José Prado a melhor forma é através de informação, sensibilização e treinamento. “Grande parte do meu tempo tem sido dedicado a isso, promovendo workshops, painéis e conferências sobre o tema. Temos promovido também o Dia de Oração pelo Refugiado, no segundo domingo de junho, com uma pequena cartilha com pedidos específicos”. Ele destaca ainda que há várias maneiras práticas de a igreja levar esperança aos refugiados. “Pequenas ações fazem grande diferença e demonstram interesse e cuidado. A primeira coisa a fazer é conhecer o que está sendo feito e ir em direção a eles. Em toda cidade há locais onde os migrantes se encontram que pode ser nos órgãos do governo e centros comunitários. Ao fazer esta aproximação, podemos identificar se há cristãos e quais suas necessidades”, disse.

As igrejas podem e devem ter ações concretas para ajudar os refugiados, afirma o pastor José Roberto Prado. “Cabe a nós, pastores e líderes, conhecendo a Palavra, guiarmos a igreja em ações concretas de amor ao estrangeiro. Somos a resposta de Deus para as orações destes que estão sendo expulsos de suas casas. Nosso silêncio e omissão diante destas pessoas tornam-nos cúmplices dos seus algozes e nivelados com a sociedade que jaz no maligno. Como luz e sal, levantemo-nos juntos, seguindo a Cristo e fazendo diferença nesta que é a maior crise humanitária da história recente”.

Lista das principais organizações da Rede de Igrejas e Ministérios que servem migrantes e refugiados (REMIR):
AEBVB (Vale da Benção, Araçariguama/SP)
ANAJURE (Brasília/DF)
BAB SHARK (São Paulo/SP)
CAEBE (Curitiba/PR)
COMPASSIVA (São Paulo/SP)
DIGNITÀ (São Paulo/SP) e
JOCUM (Campinas/SP),
LAR (Cabo Frio/RJ)
MAIS (Colombo/PR)
MEAB (Foz do Iguaçu/PR)
MIAF (Londrina/PR e São Paulo/SP)
NO MORE (Maringá/PR)
PREPARANDO O CAMINHO (São Paulo/SP)
PROJETO GAIO (Pompéia/SP)
SERVOS (São Paulo, SP)
SIM (Londrina/PR)
TAARE (Uberlândia/MG)

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