Em entrevista exclusiva ao Radar Missionário, Fernando Brandão, diretor executivo da Junta de Missões Nacionais, conta seu emocionante testemunho e como foi a decisão por Missões. Depois de conquistar estabilidade financeira, de estar à frente de uma igreja missionária e construir uma vida confortável com sua família em Brasília (DF), pastor Fernando revela como foi receber o convite da JMN e perder mais de 70% da sua renda para seguir o chamado de Deus.

Quando e como o senhor aceitou a Jesus?
Eu nasci no interior da Bahia em uma família católica não praticante. Estudei num colégio Batista em uma cidadezinha chamada Jaguaquara e aos 15 anos eu me converti ao Senhor Jesus e assim também a minha família, hoje todos servimos ao Senhor.

Como percebeu a vocação para missões?
Aos 18 anos de idade eu fui estudar em Belo Horizonte (MG) e como todos os jovens eu tinha muitos planos e sonhos sobre uma carreira e ser bem sucedido. Comecei a trabalhar como estagiário na Caixa Econômica Federal (CEF) e depois fui trabalhar num banco chamado América do Sul, mas desde esse tempo Deus já vinha trabalhando no meu coração sobre um chamado para obra d’Ele. Mesmo ainda não me sendo muito claro que tipo de ministério Deus tinha para minha vida, decidi entrar para o Seminário Batista Teológico Mineiro. E então fui cursando o seminário, estudando e trabalhando no banco. Quando eu estava no terceiro ano do seminário eu passei no concurso da CEF e fui chamado para trabalhar.

Como surgiu o convite para a direção da Junta de Missões Nacionais?
Depois que terminei o seminário e fui ordenado a pastor para assumir a Igreja Batista no bairro Jardim América em BH, fiquei por um bom tempo pastoreando e trabalhando na Caixa. Uma jornada, digamos que bi-vocacional. Casei com a Márcia e tivemos duas filhas em Belo Horizonte, Ana Flávia e Fernanda, e fui passando por diversas funções de liderança no banco, até ser convidado para ir para Brasília. Eu tinha 29 anos quando muitas mudanças começaram acontecer no Brasil. No mesmo período da chegada do presidente Fernando Henrique Cardoso à Brasília fui convidado para ser um executivo administrativo da Caixa. Chegando lá fui convidado para ser o pastor da Segunda Igreja Batista, dando continuidade em minha jornada como pastor e executivo. A igreja cresceu e nós tínhamos muitos projetos missionários no Brasil e fora do país. Éramos uma equipe ministerial voltada para missões. Nós fazíamos muitas viagens missionárias, montávamos igrejas em vários estados do Brasil e também na África e Europa. O banco me proporcionava um bom padrão de vida, principalmente, para quem saiu do interior da Bahia. Tive a oportunidade de estudar, fazer muitos cursos de gestão e especialização, oferecidos pela Caixa. Aos 38 anos de idade eu me sentia realizado, com uma função de executivo, vivendo 10 anos em Brasília e pastoreando uma ótima igreja. Na época meu pensamento era só em continuar tocando a vida daquela forma, esperar a aposentadoria, e depois disso ir para fora do Brasil fazer alguns cursos que eu desejava. Minha expectativa era de ter sido um vencedor. Eu analisei e cheguei a conclusão que estava bem em todas as áreas, com três filhos, as duas meninas que nasceram em BH e o Guilherme que nasceu em Brasília. E foi assim quando eu achava que estava tudo correndo perfeitamente, eu recebi uma ligação da diretoria da Convenção Batista Brasileira e eles me falaram que meu nome estava sendo lembrado e cotado para assumir a Junta de Missões Nacionais, mas eu achava que era um equívoco, que estavam me confundindo com outra pessoa. Depois da reunião por telefone com a direção da Convenção eu conversei com a minha esposa e disse a ela que nem oraria pelo assunto, que esperaria alguns dias e iria responder negativamente. Mas, ela me aconselhou que pelo menos orássemos pelo assunto. Até para depois não precisar mentir dizendo que oramos pelo assunto e que Deus não deu a direção. E durante o período que oramos, começamos a entrar em uma grande crise, porque falar pode parecer muito fácil, mas, você ter um histórico de trabalho, um ministério, uma igreja, três filhos já na fase da adolescência, estudando e com um padrão de vida significativo, toda uma vida estruturada em Brasília e você largar tudo isso, deixar tudo pra trás se mudar para o Rio de Janeiro, é complexo. Não é tarefa fácil assumir uma Agência Missionária centenária, pois o ano que assumi a Agência estava completando cem anos, de grande importância para os Batistas, de uma história linda. E eu era um desconhecido no meio Batista, eu estava muito voltado para a igreja local e por tudo isso, era um grande desafio que envolvia muitas questões e minha a família. O período que fiquei pensando sobre a decisão, foi um tempo de busca espiritual, as pessoas me diziam “isso aí você precisa ouvir de Deus”, e foi um tempo de buscar a Deus intensamente, para mim e para minha família. Nós queríamos ouvir de Deus o que Ele queria da gente. Colocamos algumas provas para Deus, que foi sendo respondida cada uma delas de forma positiva, clara e contundente. Uma delas foi uma vez que eu estava no quarto lendo um livro quando minha esposa e minha filha Fernanda entraram no quarto e minha filha disse “pai nós não sabemos da sua decisão, e sabemos que boa parte da decisão é sua, mas de nossa parte nós queremos aceitar”, e eu respondi a elas dizendo ‘vocês têm a ideia da dimensão disso, o que vai significar de mudanças? Nós vamos ter que mudar para o Rio, vai cair nosso padrão de vida e uma série de restrições’ e ela me respondeu: “pai só duas coisas são importantes para nós, que nossa família esteja unida e que estejamos no centro da vontade de Deus”. A resposta dela foi uma resposta de Deus para minha vida. E com outras confirmações de Deus, fui tomando as decisões que precisava para seguir o chamado de Deus. Deixei a Caixa, comuniquei com muita dor no coração a Igreja sobre minha partida e em 2007 chegamos no Rio, ano que assumi na Junta de Missões Nacionais.

Como foi chegar na JMN para assumir o chamado de Deus?
Em 22 de Junho assumi a direção da Junta de Missões Nacionais. Essa chamada eu entendo que Deus foi construindo de uma forma muito interessante, tanto me dando experiência como pastor, quanto no mundo empresarial. As oportunidades que tive de estudo, de trabalho, de tomada de decisões, de gerir pessoas em equipe, ver alguns desdobramentos na área missionária e também empresarial como planejamento, economia gestão de pessoas, foi tudo um processo. E vejo com tudo isso que Deus foi construindo as experiências na minha vida até eu chegar em missões. Tive que abrir mão de muitas coisas para seguir o chamado. Eu abri mão de quase 70% da minha renda para ser diretor da Junta de Missões. Só ficamos sabendo do valor da remuneração depois que demos nossa resposta positiva. Porque isso, na verdade, não importava em nossa decisão. O que importava era se iríamos atender as expectativas de Deus para nossas vidas. A nossa chamada foi de Deus, esse é o ponto chave em missões. Só deve entrar em missões quem de fato tem um chamado missionário, porque você tem que responder a expectativa de Deus. Não é para os homens, não é o local que vai viabilizar sua chamada missionária, não é o país, a cidade, o povo para qual você vai, se o clima é bom, se o local é bom, se você vai receber um bom salário, se vai ter condições, se vai ter carro, se vai ter uma casa, templo, local para reunir o povo. Não, não é nada disso que vai definir a chamada missionária, não é isso que vai fazer você obedecer a chamada de Deus e ir ao campo. O que define é o seu comprometimento com a chamada de Deus. Não é o que os homens pensam, o que te oferecem, mas a chamada de Deus. Como Paulo e os outros discípulos estavam na Ásia e o Senhor chama Paulo para ir para Europa e ele vai para a cidade de Filipos. E logo no início da caminhada Paulo e Silas foram presos, apanharam e ficaram no fundo de uma masmorra, abandonados, com fome, mas estavam cantando e orando. As condições totalmente adversas, mas na verdade eles estavam conscientes que Deus estava no controle, eles sabiam que estavam ali por um chamado, esse ponto é a chave nas questões de missões, as pessoas que tem um chamado missionário precisam ter certeza que Deus está chamando. Quando eu ouço alguém colocando condições para obedecer a chamada missionária eu tenho dúvida dessa chamada. Quando Deus nos chama, nós perdemos a vida. O chamado missionário você assina uma folha em branco e entrega para Deus. Nós estamos dizendo sim para Deus e abrindo mão das nossas vidas, dos nossos projetos e dizendo Senhor eu estou à disposição para o Senhor me enviar para onde quiser. Há alguns anos eu perdi a minha vida, eu não tenho projeto pessoal nenhum, não tenho sonhos, não estou trabalhando em nenhum projeto para minha vida. Eu só tenho preocupação com a educação dos meus filhos, com a minha família e de fazer a obra de Deus. Para quem é vocacionado e tem um chamado, isso precisa ficar claro. O missionário não pode achar que entrar em missões é um empreendimento para sua realização pessoal. Quando se entra missões, nós estamos cumprindo a agenda de Deus, porque na verdade nós não somos missionários, quem é missionário é Deus. Quando o homem pecou contra Deus perdemos a comunhão direta, porque Deus criou o ser humano para estar na presença d’Ele em todo o tempo e o pecado impossibilita de estarmos na presença de Deus. Então o ser humano foi colocado para fora da presença de Deus, como a Bíblia diz que todos pecaram e foram destituídos da glória de Deus. Então Deus entra em missões para nos salvar. Jesus disse isso, que a missão d’Ele era salvar os perdidos e Jesus é o próprio Deus encarnado. Portanto, Deus é o missionário. Quando o homem pecou no Éden, Deus entrou em missões. E nós somos os canais de Deus, nós estamos aqui para cumprir a agenda de Deus. Como o apostolo Paulo disse, nós somos os cooperadores de Deus.

Como analisa missões no Brasil?
O Brasil é um país que está se tornando missionário. Deus está usando o Brasil para abençoar o mundo, levantando nossa nação para abençoar outros povos. O Brasil cada dia mais se torna um país missionário, é uma coisa muito linda e a coisa mais linda para uma nação é ser reconhecida como uma nação missionária. Os Estados Unidos foram reconhecidos assim por muito tempo, durante nossa geração eles eram considerados uma nação missionária, mas acredito que Deus está passando este bastão para o Brasil. Tanto interna como externamente. Eu creio que Jesus está levando o Brasil para evangelizar o mundo. O povo brasileiro é um povo muito precioso, é uma gente simples, alegre, dinâmica, de fácil relacionamento. Eu creio que os cristãos brasileiros tem um papel muito importante nesse momento da humanidade.

E como um evangélico sabe que é vocacionado?
E eu contei toda essa história e a do meu chamado missionário, para mostrar aos jovens das nossas igrejas ou aqueles que têm uma chamada missionária e não estão atentos a isso e aprender como entender o chamado de Deus. A forma mais simples de entender o chamado de Deus é amar o próximo, estar em comunhão com Deus, e ter uma vida de relacionamento e de intimidade com Ele. Muitos são defensores de uma religião, mas sem intimidade com Deus, esse é um risco que corremos. Afirmamos sermos evangélicos, sermos protestantes e muitas das vezes somos frequentadores de igrejas semanalmente, contribuímos, não arrumamos problema com a direção, mas não temos intimidade com Deus e o ponto chave é que Deus não nos chamou para praticar uma religião, Deus nos chamou para ter intimidade com Ele. Deus não nos chamou para viver a rotina da sobrevivência, Deus nos chamou para que através de nossas vidas a glória dele se manifeste. Então, se você tem intimidade com Ele, certamente vai saber o que Ele tem para sua vida.

Entrevista e fotos: Diane Duque

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