O exemplo de João Batista

A história de João Batista é bastante conhecida. Havia um casal da tribo de Levi, Zacarias e Isabel, que não tinha filhos, no entanto, em sua velhice, o Senhor Deus prometeu que lhes daria um que se chamaria João e que este cumpriria a profecia de Isaías 40.3-5, sendo arauto, preparando o caminho para o advento do Messias. Quando se tornou adulto, João Batista pregava que todos deveriam arrepender-se de seus pecados, serem batizados, pois o reino de Deus estava próximo. Certo dia, enquanto batizava, viu Jesus vindo em sua direção e afirmou enfaticamente: “Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo.” (Jo 1.29) Ali terminava sua missão.

Assim como João Batista dedicou sua vida a viver para a missão de Deus, em nossos dias, o princípio é o mesmo. Todos nós, cristãos, somos parte da missão de Deus que é anunciar a glória de Deus em toda a terra. A vida cristã não é para ser vivida para deleite próprio. É para ser vivida para, por e em Cristo.

Pode parecer estranho que em uma sociedade que tanto incentiva a satisfação dos próprios anseios como prioridade da vida humana, afirme-se que devemos viver para outros. Jesus é o maior exemplo: “o Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir, e para dar a sua vida em resgate de muitos” (Mt 20.28). Logo, o serviço é um preceito requerido do cristão.

Viver para os outros é estar na contramão do apregoado em nossos dias. Nos veículos de mídia, nas redes sociais, nos consultórios e até mesmo em alguns púlpitos, incentiva-se uma vida autocentrada, de satisfação dos desejos particulares quase como fim em si mesmo. Ser feliz é a máxima! Aqui não se advoga o sofrimento e a abstenção de uma vida confortável, o que se questiona é a satisfação individual desvinculada da vida cristã ensinada por Jesus que pressupõe renúncia e serviço.

Aquele que se preocupa demasiadamente com as benesses da vida desses tempos ditos pós-modernos tem maior dificuldade em reconhecer a urgência da obra missionária, seja no local, no nacional e, principalmente, no transcultural e aos povos não alcançados. As questões de Paulo continuam ecoando: “Como, porém, invocarão aquele em quem não creram? E como crerão naquele de quem nada ouviram? E como ouvirão, se não há quem pregue? E como pregarão, se não forem enviados?” (Rm 10.14-15)

A resposta exige disposição para sair da ‘zona de conforto’, para renunciar projetos pessoais, para alterar prioridades e colocar-se à mercê da expansão do reino e da glória de Deus. De início pode aparentar que há uma completa anulação do ser, dantes é um privilégio porque é a oportunidade de fazer escolhas para servir a Deus e à sua obra. No texto de 1 Co 10.31 está escrito: “Portanto, quer comais quer bebais, ou façais outra qualquer coisa, fazei tudo para glória de Deus” e dele podemos inferir o quanto é possível realizar na vida cotidiana que seja útil ao propósito divino.

O vendedor que à medida que encontra clientes semeia a preciosa semente, a manicure que enquanto atende, ‘segura firme a mão da cliente’ e apresenta o caminho da verdade, o enfermeiro que acalma o paciente com palavras de refrigério, a empregada doméstica que conhece a rotina do patrão extremamente rico, mas carente da graça divina. Também há o profissional de TI (tecnologia da informação) que obtém autorização para trabalhar em um país hostil ao evangelho, o jogador de futebol que treina adolescentes, o agrônomo que desenvolve técnicas de cultivo com as populações rurais de áreas remotas, o professor que ensina as ‘letras’ e alfabetiza jovens e adultos trabalhadores, o empresário que investe no sustento de missionários no campo.

Em todas as condições arroladas acima, as pessoas têm suas vidas ajustadas ao serviço do reino de Deus. É verdade que há aqueles que se dedicam integralmente, como pastores e missionários, no entanto, porém não é a premissa básica. Esta é a disposição em servir em todas as circunstâncias.

A missão é de Deus e somos seus colaboradores. Assim como João Batista, a nossa parte é anunciar para que “ele cresça e eu diminua” (Jo 3.30). E à proporção que o ministério de Jesus crescia, ele se alegrava porque cumprira sua incumbência. Viver para, por e em Cristo é viver para o outro, é esvaziar-se de si, em um exercício contínuo, dia após dia, para alcançar a ‘estatura de varão perfeito’ (Ef 4.13). E ainda que na jornada sobrevenha desafios e intempéries, ao final, a dedicação será recompensada como prometido em Mt 25.23: “Bem está, bom e fiel servo. Sobre o pouco foste fiel, sobre muito te colocarei; entra no gozo do teu senhor.”

Colunista: Sandra Mara Dantas

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