BUTão

A Cordilheira do Himalaia, uma grande e linda cadeia de montanhas que passa por cinco países, cerca um dos lugares com melhor qualidade do ar do planeta: o Butão. Esse pequeno país está espremido entre a China, ao Norte, e a Índia, ao Sul. Um pouco menor que o Rio de Janeiro, sua população é vinte vezes menor que o estado fluminense, já que as montanhas dominam boa parte do território. É um país que se destaca por florestas intocadas, rios de águas cristalinas e paisagens que o fazem ser conhecido como o “último Éden do mundo”.

Um dos pontos mais curiosos do Butão é seu índice de Felicidade Interna bruta (FIB). Na década de 70, o rei local declarou que não mediria mais as riquezas do território pelo PIB, mas pelo FIB. Cada vez mais forte no país, esse conceito apregoa que a riqueza material não é sinônimo de felicidade. Um exemplo simples deste pensamento: Quando um país vende seus recursos naturais e enriquece materialmente por isso, o resultado final é tido como crescimento, mas os danos materiais e sociais podem ser irreversíveis. O cálculo do FIB inclui padrão de vida econômica, educação de qualidade, saúde, expectativa de vida e longevidade comunitária, proteção ambiental, acesso à cultura, bons critérios de governança, gerenciamento equilibrado e bem-estar psicológico. Este foco governamental levou o país a ser considerado um dos mais felizes do mundo. A propósito, o povo butanês é extremamente simpático, amigável e hospitaleiro. Importante termos em mente que, apesar de vários itens que envolvem felicidade e respeito à natureza e ao próximo, a liberdade religiosa não faz parte do FIB.

A filosofia do Butão está estruturada em padrões do Budismo, religião professada por 75% da população, atrás do Hinduísmo, religião comum no Nepal, seu vizinho. É o único reino budista no mundo. Para termos ideia, um butanês já nasce sendo considerado budista. As decisões do governo consideram as doutrinas budistas e a população vive em torno de seus valores religiosos. Apesar da constante tranquilidade do local, o governo faz esforços para impedir que outras religiões se estruturem no país. O Cristianismo é seguido por estimadas 10 mil pessoas e visto como uma afronta aos padrões locais. Os cristãos podem orar em casa, mas são impedidos de realizar cultos públicos ou construir templos. Aqueles que seguem a Jesus sofrem com o preconceito da população em geral. Ao descobrir alguma igreja ilegal no país, o governo proíbe os cultos imediatamente, e trabalha para a destruição do local.  Além disso, os não budistas ou hinduístas perdem o direito à educação gratuita. Os butaneses que se convertem podem perder a cidadania. As crianças sofrem na escola por conta de sua fé e o governo tenta convencer a todo o instante o retorno ao Budismo. O preconceito é muito forte. Na política, um cristão pode até se candidatar, mas não possui voz para conseguir votos, já que é visto como opositor da felicidade do país.

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