Muito se fala a respeito de sustento missionário na perspectiva do Novo Testamento. Vemos com nitidez as experiências vivenciadas pelo apóstolo Paulo com a Igreja de Filipos (Fl 4), as instruções claras e sagradas que ele dá à Igreja de Corinto (I Co 9), a presença responsável e santa da Igreja de Antioquia em seu envio (At 13).
Transportando nossos olhos do ministério de Paulo ao ministério de Jesus, encontramos uma das mais belas narrativas bíblicas sobre esse assunto: “Aconteceu, depois disto, que andava Jesus de cidade em cidade e de aldeia em aldeia, pregando e anunciando o evangelho do reino de Deus, e os doze iam com ele, e também algumas mulheres que haviam sido curadas de espíritos malignos e de enfermidades: Maria, chamada Madalena, da qual saíram sete demônios; e Joana, mulher de Cuza, procurador de Herodes, Suzana e muitas outras, as quais lhe prestavam assistência com os seus bens. (Lc 8:1-3)
Fiz alguns destaques em negrito propositalmente. De fato, nessa passagem, vemos Jesus e os doze efetuando uma extenuante jornada, em cumprimento ao desejo do Deus Pai, anunciando o Evangelho por sobre a Terra. Podemos imaginar o quão árduas eram aquelas viagens, debaixo de longos dias de sol causticante, noites frias, poeira, vento, cansaço físico por longas caminhadas, fome e sede entre uma parada e outra, condições das mais rudimentares de locomoção e acomodação, incertezas quanto a como seria a receptividade na próxima comunidade.
Contando apenas Jesus e os discípulos, somamos treze homens. Homens adultos. O texto não nos diz se havia mais homens com eles. Particularmente, penso que não seria impossível que houvesse outros homens com o grupo, devido aos contextos bem próximos de Lc 7.11 e Lc 8.14. Com base nesses versículos poderia haver, sim, outros seguidores de Jesus presentes naquela viagem missionária. Certamente um mínimo de infraestrutura era necessário para atender as necessidades básicas desses viajantes: pelo menos duas refeições por dia, procura e transporte de lenha, manutenção de um estoque mínimo de alimentos, procura e armazenagem de água potável, limpeza de utensílios em geral, preparo das acomodações com a chegada da noite, desmontagem do ‘acampamento’ ao saírem para outra cidade, roupas que precisavam ser lavadas, remendadas ou renovadas, enfim, um sem número de pequenas ações, às vezes onerosas, às vezes não, que se faziam necessárias para o bom andamento do ministério do Senhor com aqueles doze homens.
Como Deus é maravilhoso e Sua providência sem fim! Que honra contemplá-Lo contando com a participação de seus filhos em Sua própria causa! Que privilégio inefável tiveram aquelas corajosas mulheres, nossas irmãs, no cuidado com o Filho de Deus e seus discípulos. Elas lhes prestaram assistência com seus próprios bens, com aquilo que possuíam, com o trabalho de suas mãos, com a dedicação de seus talentos, com o investimento de seu dinheiro.
Na verdade, cada registro bíblico tem em si uma mensagem intencional de Deus. Talvez alguns julguem não tão importante esse pequeno relato do Evangelho segundo Lucas. Ledo engano! Antes mesmo das preciosas informações e preciosos ensinamentos encontrados em Paulo, vemos o próprio Jesus, nosso Salvador, filho unigênito do Altíssimo, levando consigo uma equipe tão valiosa que, com o coração, O serviu para que tivesse um mínimo de tranquilidade na execução de Seu ministério.
Aí está! A chave da vitória! Quando cada missionário tiver consigo uma equipe tão imprescindível como aquela que “ia com Jesus de cidade em cidade”, haverá otimização absoluta do serviço para o qual foi comissionado.
Pode ser que Deus comissione alguém para “buscar a lenha”, outro para “lavar as vestes”, outro para “preparar as acomodações”, ou outro alguém para “providenciar água potável”. Não importa. O que de fato importa é que NINGUÉM deixe de fazer a sua parte na obra missionária, segundo o propósito absoluto e perfeito de Deus.
Colunista: Mônica de Mesquita
Texto maravilhoso e verdadeiro