Em Romanos 16-20 diz que Paulo priorizou levar o Evangelho não onde Cristo houvera sido anunciado.

Quando eu estava no Oriente Médio, estudava árabe clássico na faculdade que oferecia esse curso de línguas como intercambio para estudantes estrangeiros. Nós estudávamos árabe coloquial também, que era a língua usada no cotidiano. Nessa época conheci a Latifa da Mongólia e ficamos amigas. Ela era mãe solteira, tinha uma menininha que se chamava Haten.

Eu frequentava uma igreja internacional e a chamei para estar comigo. Ela foi e durante o culto perguntei se estava gostando, com a cabeça afirmou que sim, mas quando perguntei se estava entendendo, ela disse que não. Então indaguei novamente. “Você está entendendo o que significa esse cântico?”. Mais uma vez ela disse que não. E aí a ficha caiu, percebi que estava diante de alguém que não vinha do contexto cultural religioso que eu fazia parte, que é o Brasil.

No inglês, as músicas na maioria expressam algo a Deus. Na adoração é um pouco diferente, no Brasil testemunhamos bastante e expressamos o poder de Deus, estimulando nossa fé, através dos cânticos. Daí comecei a explicar que cantamos como se estivéssemos falando algo para alguém e que esse alguém era Deus. Entendemos Deus como uma pessoa, por isso estávamos cantando para Ele.

Quando o pastor começou a pregar, falando da ovelha e do pastor, perguntei para ela se estava entendendo e ela disse para mim: “Não!” Eu, estava diante de uma pessoa que nunca havia tido um contato com alguém cristão, nunca tinha ido numa igreja, nunca viu na região que morava, uma igreja. Conversávamos literalmente por horas. Como amo o Velho Testamento, comecei a explicar para ela sobre Deus. Certa vez, ficamos por cinco horas conversando. “É engraçado, você chora quando canta, né Irinea!”, ela me dizia quando ia na Igreja comigo. E eu emocionada por estar com uma pessoa que nunca tinha tido a oportunidade de estar com uma Bíblia nas mãos, nem tinha ouvido sobre Jesus.

Um dia conversando com ela sobre Deus, eu perguntei: “Você acredita no que estou te falando ou parece história de criança? E surpreendentemente ela respondeu “Acredito sim Irinea. Quando eu era pequena eu assisti um desenho animado, que falava sobre isso. O desenho animado era da Rússia, mas nunca me esqueci, agora compreendo melhor”.

Um dia meu coração apertou, porque eu queria falar de Jesus também para a filha de Latifa. Eu temia de acontecer algo que nos fizesse perder o contato. E aconteceu da filha dela pegar uma gripe aviária que quase a matou. Fiquei ruim, com medo de perder essa oportunidade, querendo gastar um tempinho com ela. Programei-me para levá-la para casa depois de um culto, mas naquela ocasião Latifa não pode ir à igreja. Então decidi ir buscá-la para ficar um pouco comigo.

Bem, e aí? Como falar de Jesus para aquela menininha? Decidi pegar uns livrinhos em quadrinho que arrumei em árabe, cheio de desenhos e comecei com a passagem do bom samaritano, falei que Jesus era bom! E ela pulava na casa, parecia não estar interessada na história que eu contava, mas já estava recitando o alcorão que ela aprendia na escola. Depois mudei de livrinho e comecei a contar para ela que homens maus resolveram matar a Jesus e que Jesus era a vida. Quando fui tentar falar sobre morte, ela não conseguiu entender. Falei em inglês, ela não entendeu. Expliquei em árabe a palavra, ela não entendeu. Decidi encenar, deitei fechei os olhos e ela achando que eu estava dormindo. Eu fui ficando agoniada, daí ela viu um sol chorando no livrinho e entendeu, mas ficou triste! Então mudei a página e mostrei para ela que Ele tinha vivido novamente, quando olhou o sol do desenho sorrindo começou a pular pela casa de novo. Tentei falar para ela que Jesus está vivo e morando no céu. Que Ele é bom, que podia morar no coração de quem pedisse para Ele entrar. Perguntei se ela queria pedir para Jesus entrar no coraçãozinho dela e ela respondeu que sim. Orei e ela repetiu, foi uma sementinha lançada.

Ela pegou um quadro branco que eu tinha em casa e começou a desenhar um monte coisa. Fez duas partes no quadro e assinalava as coisas feias que Jesus não gostava, por exemplo, quando a mamãe dela pedia para ela fazer as coisas e ela não fazia e foi desenhando. Interessante, como ela reagiu ao que ela tinha ouvido.

Latifa me deu uma casinha de brinquedo como são as casas lá no país dela. Que mundo é esse sem Jesus. Diz ela que na Mongólia, os jovens bebem muito, fumam muito e entram na prostituição bem cedo. Fico pensando que ao invés de ficarmos brigando por bobagens poderíamos tanto, pensar mais nos que nunca ouviram falar de Jesus.

A Latifa queria ter tido esse acesso a Palavra no país dela, mas nunca pegou uma Bíblia, nem nunca foi numa igreja em seu país, porque não teve essa oportunidade. E nós, o que fazemos das oportunidades recebidas?

Priorizamos os que realmente necessitam? Jesus está voltando e a gente brigando por bobagens.

 

 

 

 

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