Começou ontem (23/10) a oitava edição do Congresso Brasileiro de Missões (CBM). O evento que acontece até sexta-feira (27/10) em Águas de Lindoia (SP) é realizado de três em três anos e considerado um dos mais importantes do seguimento no Brasil.

A palestra de abertura foi realizada pelo pastor Ronaldo Lidório, que em sua primeira fala já apresentou dados importantes sobre missões no Brasil e mundo. Ele apontou novos rumos e informações inovadoras sobre o campo missionário. Para quem assistiu a palestra não teve dúvida que foi a voz de Deus que mais uma vez por meio de Lidório. Todos aqueles pensamentos que temos muitas das vezes sobre pessoas, ou em nós mesmo, que se acham muito importantes por fazer missões, foi exortado pelo palestrante. Entres muitos pontos fortes de sua fala, uma delas foi apontar que os líderes estão falando muito mais de suas igrejas, seus ministérios, seus trabalhos ou cargos e esquecendo de falar do principal que é Jesus, se colocando acima de tudo por conta de um cargo.

Em cima do tema do Congresso que é “Realidades que não podemos ignorar”, falando dos dias difíceis que vivemos hoje, A leitura bíblica inicial foi em cima da carta enviada a Timoteo, quando Paulo fala da importância da igreja anunciar o Evangelho. “Mesmo Paulo vivendo momentos difíceis, preso em um calabouço, escuro, subterrâneo, como descreve Flavio Josefo,  Paulo não deixou de escrever para Timoteo, falando do da importância do Evangelismo, do sofrimento, da permanência em Cristo e na pregação do evangelho”, lembrou o preletor.

Fazendo um paralelo Lidório afirmou que os tempos eram difíceis e vão continuar assim, “haverá aumento na perseguição cristã, multiplicação dos vulneráveis sociais e proliferação da heresia”, apontou, lembrando que a 500 anos atrás os crentes já eram perseguidos por ler a Bíblia e pregar o evangelho. No tempo da Reforma Protestante, os cristãos eram queimados em praças públicas. É fato que os reformadores entenderam e enfatizavam a grande comissão, “nós perdemos a ideia de missões e ação missionária, o envio apostólico se perdeu no 1º século, no avanço teológico, espiritual, missionário”, afirmou Ronaldo.

Ele lembrou ainda que em 1553 Calvino entrou em Genebra, e 1955 já haviam cinco igrejas reformadas, no ano de 59, pulou para mil na França. Genebra reformada em 1561 enviou 142 missionários e em um ano mais de 20 mil foram alcançadas. Por esses e outros dados que ele afirma que os reformadores foram defensores da Missão Transcultural. “Nossa obrigação continua sendo proclamar, não podemos nos esconder, mas proclamar em todos os lugares. Embora Deus seja capaz, Ele também ordenou a proclamação pública, Deus descreve suas palavras pela boca dos homens. A verdade que não podemos ignorar é que Deus sempre nos fortalece. Precisamos estar na hora certa, no local certo, fazendo o que Deus quer. Prepare-se para viver dias difíceis, prepare-se para viver pressão. O pecado irá pressionar nossa vida, nosso coração”.

Após falar sobre a importância de continuar a grande missão indiferente dos tempos difíceis, Ronaldo apresentou alguns dados de uma pesquisa realizada pela Associação de Missões Transculturais Brasileiras (AMTB), que está sendo apresentada durante o evento “Força Missionária Brasileira Transcultural” https://pesquisasamtb.org.br/, que aponta quem somos, quantos somos e como trabalhamos. Segundo dados hoje há cerca de 15 mil missionários brasileiros envolvidos em trabalhos transculturais. Os organizadores afirmam ainda que de 1986, quando foi realizada a primeira pesquisa sobre o mesmo tema, até hoje (2017) houve um crescimento de 8,2 anual.

Outra informação importante que pesquisa apontou, foi que diferente do que se pensa, as mulheres solteiras no campo são bem mais aceitas e têm 80% de aprovação. Quebrando o tabu que mulher solteira no campo não é bom.

As Agências Interdenominacionais registraram crescimento relevante e estão se especializando, para melhor o serviço.

Houve também um crescimento no número de missionários transculturais entre 1989-2017. Os motivos desse avanço apontado na pesquisa se dão a perseverança das organizações missionárias transculturais tanto na expansão do trabalho, quanto na transmissão de know-how para novas iniciativas. O surgimento das Alianças evangélicas entre grupos minoritário como os Indígenas do Nordeste, Quilombolas do Brasil e Ribeirinhos, além de novas iniciativas e parcerias de trabalho entre ciganos, imigrantes, refugiados e sertanejos. Entre outros motivos que estão descritos por completo na pesquisa está disponível no site da AMTB.

Porém, nem tudo são flores e como o pregador da abertura do congresso afirmou, os tempos são difíceis e vão continuar difíceis, a pesquisa também apontou os motivos de tristeza que acontece no universo missionário. Entre os pontos apresentados as áreas com mais dificuldade nas organizações estão: Treinamento Missionário (9,2), Logística (14,4%), estratégica (15,8%), comunicação (26,3%) administrativa (27,6%), cuidado missionário (28,9%), mobilização (34,2%), falta de missionários (40,7%) e área financeira (65,8%).

Lidório apontou que 11% dos 15 mil missionários não tem nenhum treinamento, e 30% apenas tem como formação educacional o Ensino Médio. “Vale ressaltar que 71% dos missionários quando estão em campo são bem pastoreados, contudo 26% quando voltam a origem têm problemas de apoio. Outra estatística alarmante é que 70 a 80 por cento das organizações não se envolvem com plano de saúde e previdência para os missionários, o que parece coincidir para o declínio na contextualização plantio de igreja e ação social”, analisou.

Após dados e estáticas importante para o futuro de Missões Transculturais o pastor fez uma oração no sentido de que a exaltação é para Deus e não para os homens. ”Que  no lugar de competição, haja colaboração, que a nossa palavra não seja centralizada nas nossas vontades, nem na nossa capacidade, contudo no poder do Espírito Santo de Deus, para que cada vez mais povos conheçam a salvação.[…] Hoje o grande desafio é quebrantar nossos corações. A exaltação deve ser voltada exclusivamente para o Senhor. Quando o desanimo, o cansaço, a vontade de desistir chegar e dizer eu não aguento mais, Ele te fortalecerá. Faça o que o Senhor deseja que você faça e diga ‘Senhor eu preciso de Ti’, que o desejo sincero seja não só de clamar em prol de missões, mas também de nossas vidas”, finalizou, sendo aclamado pelo público que lotou a noite de abertura do evento.

Hoje (24/10) plenárias e seminários acontecem o dia inteiro com várias opções de assuntos diversificados sobre Missões. No grande encontro para todos os congressistas, acontecerá a palestra de Michael Goheen que diretor de Educação Teológica do Centro de Treinamento Missionário e Acadêmico em Residência, Surge Network Phoenix, AZ. Autor de nove livros, entre eles a “Introdução a Missão Cristã hoje”.

*O Radar Missionário está no CBM2017 realizando a cobertura jornalística do evento.

 

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