De forma sobrenatural Deus tem abençoado e feito crescer o trabalho do missionário Israel Nascimento, que é pastor em Malawi (África).  Em entrevista exclusiva ao Radar Missionário, pastor Israel conta quais foram as maiores dificuldades do início do trabalho e chama atenção para a forma que a igreja brasileira tem tratado de missões. “Missões é o motivo pelo qual a igreja existe, seja ela trans ou intracultural. No entanto, missões na igreja brasileira têm se transformado apenas em um departamento onde os pastores têm colocado os membros que são, como eu já ouvi muitas e muitas vezes, “apaixonados por missões”.

Como e quando você começou o trabalho em Malawi e Moçambique?

Minha família e eu estamos morando na África desde 2009, moramos dois anos na África do Sul, na cidade de Worcester Western Cape, onde trabalhamos e estudamos juntos a Agência Missionária YWAM (JOCUM – Jovens com uma missão), nos preparando para a nossa ida definitiva para o Malawi. Nós nos mudamos para o Malawi em 2011 e foi nesse mesmo ano que começamos a trabalhar com as igrejas no Malawi e em Moçambique.

Porque escolheu essa região?

Minha esposa e eu fomos separados e enviados para trabalhar aqui no Malawi através da nossa igreja, a Assembleia de Deus Madureira, do Campo de Campinas, que fica em Goiânia(GO). O trabalho já existia há quase uma década, porém até aquele momento não havia missionários vivendo em tempo integral junto ao povo da terra. Minha esposa e eu aceitamos o desafio e começamos a nos preparar para vir no final do ano de 2008.

Como foi o começo desse trabalho?

No início do ano 2000 minha mãe, a missionária e pastora Lucia de Fátima, começou a trabalhar em parceria com o pastor Jonh Eduward Kamphiripiri, que é um Moçambicano naturalizado Malawano. Em parceria, os dois deram início a implantação de algumas igrejas aqui no Malawi e posteriormente em Moçambique. No início eram apenas sete congregações e com o passar dos anos foram aumentando em número e em 2015 chegamos 102 congregações.

Quais são as maiores dificuldade em começar um trabalho desses?

São varias as dificuldades em diferentes áreas. Eu acredito que a maior dificuldade para qualquer trabalho missionário que está iniciando é de fato tirar o plano ou visão da cabeça e por no papel, é colocá-lo em prática. É necessário a construção de um relacionamento com a Igreja que está enviando o missionário, ambos devem estar de acordo com a visão do projeto missionário em mente. Esse relacionamento leva a confiança o que possibilita posteriormente o investimento da igreja do Brasil no projeto de missões.

Um dos grandes desafios que qualquer missionário enfrenta, principalmente, no início de carreira é com o apoio e suporte para que o ministério possa se desenvolver. Estamos falando em relação aos desafios que temos na nossa pátria. Quanto ao país que estamos trabalhando ou iniciando o trabalho um dos maiores desafios no início é encontrar homens e mulheres da terra que sejam honestos e estejam dispostos a servir a Deus de uma forma diferenciada, sem esperar retorno financeiro pelo seu trabalho. Quando falamos de África, eu acredito que esse seja o maior desafio no início, encontrar parceiros nativos que sejam íntegros e que estejam dispostos a trabalhar para o Senhor e não para o missionário.

Os desafios são geralmente proporcionais ao tamanho do ministério, com o passar dos anos Deus vai trazendo novas diretrizes para o ministério, conforme ele vai crescendo e amadurecendo as necessidades mudam e aumentam. No entanto, sem desafios e dificuldades a vitória não é satisfatória, afinal como diz o cantor “Batalha não é batalha se não surgem as provas e se não surgem as provas batalha não é batalha.”

Como consegue manter o trabalho financeiramente?

Hoje nós contamos com o suporte da nossa igreja, que nos ajuda com cerca de 70% do valor que precisamos para nos manter mensalmente, o restante vem da ajuda de parceiros e amigos.

Quanto ao dinheiro que é destinado ao trabalho, ele vem também da ajuda de amigos e parceiros ou ofertas voluntárias destinadas a algo específico, como a construção de um templo em uma vila ou a compra de roupas, comida e ou Bíblias.

E hoje, como está o trabalho?

Hoje nós somos 102 congregações espalhadas no Malawi e no Moçambique, que estão divididas em 14 regionais que vão de cinco a 28 congregações. Nós temos registrados um pouco mais de seis mil membros e em 2014 batizamos nas águas 1.098 pessoas.

Quais são suas expectativas para o futuro?

O nosso foco para esse ano de 2015 e 2016 é a construção da nossa igreja sede aqui no Malawi, Deus tem nos ajudado e já conseguimos fazer a fundação da igreja. Estamos com a esperança no coração de construirmos uma escola em uma das vilas, onde um terreno nos foi doado. A escola irá atender a uma comunidade de três mil pessoas, no entanto, ainda não temos uma data para o início da construção.

Um dos trabalhos mais importantes que esperamos realizar com mais frequência, é a escola para obreiros. Já realizamos algumas, mas a necessidade de proporcionar estudos e ferramentas físicas e espirituais para os obreiros no momento vai além da capacidade que podemos oferecer no momento.

A obra não pode e não vai parar, em nome de Jesus. Nós sabemos que o número de cristãos está e vai continuar crescendo, por isso damos glórias a Deus.

E como analisa missões transcultural na atualidade?

E um desafio diário pregar o evangelho dentro de uma cultura que não é a nossa. Não existe escola de missões ou cursos teológicos que possam capacitar 100% um missionário. A maior escola do missionário é o campo de trabalho.  No nosso contexto brasileiro eu descobri algo muito triste, que vem acontecendo no campo africano: infelizmente falta preparo da parte dos missionários na questão linguística e cultural. A maioria esmagadora dos missionários que saem do Brasil para o campo Africano não sabe falar outro idioma se não o Português, o que acaba limitando as opções e locais para onde eles podem ir e pregar o evangelho. Hoje mais de 90% dos missionários brasileiros que estão na África estão somente dentro dos seis países que falam o português:  AngolaCabo VerdeGuiné-BissauMoçambique e São Tomé e Príncipe, além da Guiné Equatorial, que adotou o idioma recentemente. Sendo que a grande maioria está dentro do Moçambique.

Missões é o motivo pelo qual a igreja existe, seja ela trans ou intracultural. No entanto, missões na igreja brasileira têm se transformado apenas um departamento onde os pastores têm colocado os membros que são, como eu já ouvi muitas e muitas vezes, “apaixonados por missões”. Infelizmente fazer missões tem ficado muito lá em baixo, na lista de planos de muitas igrejas.

O continente africano tem sido invadido pelo Islã, hoje aqui no Malawi a cada 20 km você encontra uma Mesquita com uma escola, enquanto no Brasil o foco tem sido bancos de cinema, ar-condicionado, vidros blindex na porta e em todas as janelas das igrejas, tudo isso tem entrado na frente do IDE, o nosso foco está fora de foco, estamos olhando mais para o eu e nos esquecendo do próximo.

Infelizmente, essa é a nossa realidade com poucas exceções. Quando ouvimos falar de missões é uma ou duas vezes por ano, quando temos um culto de missões em nossa igreja, onde são penduradas algumas bandeiras, as irmãs ou os jovens fazem algumas apresentações com músicas ou danças e a tabela está comprida. Missões estão sendo negligenciadas em nossas igrejas. O número de pessoas esperando por missionários para ouvir a palavra de Deus é muito maior e essas almas são muito mais preciosas do que bancos novos ou ar-condicionado. As nações estão sedentas de Deus. Levar o evangelho e trabalho de todos nós. Pastore preparem os seus membros para irem e não para ficarem.

Quem desejar colaborar com essa obra pode enviar recursos para a conta dos missionários:

Banco Bradesco

Agência: 2305-1  – Conta Corrente: 0028556-0

Daniela dos Anjos

 

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